domingo, 7 de fevereiro de 2010

O dia em que a Filarmônica encontrou Carlos Gomes
Maria Betânia Monteiro repórter
Um vasto acervo contendo livros, coleções de revistas especializadas em instrumentos de metal, CDs, Vinis, DVDs, fitas K7, partituras, recitais dentre outros materiais indispensáveis para a formação musical estão sendo doados para a Filarmônica de Cruzeta. A doação está sendo feita pelo trompista Carlos Gomes, musicista que ganhou espaço no cenário nacional ao ser descoberto na Bahia pelo imortal Heitor Villa Lobos.

João Maria Alves
Filarmônica de Cruzeta é um dos mais bem-sucedidos projetos de profissionalização pela música
A doação aconteceu como resultado de um encontro promovido na redação deste jornal entre o Maestro da Filarmônica de Cruzeta, Bembém Dantas e o trompista Carlos Gomes. Inicialmente houve uma conversa por telefone entre ambos. Eles marcaram o encontro para acontecer durante a apresentação da Filarmônica de Cruzeta na cidade de Parelhas, em 11 de janeiro. “Falei para um colega, que meu maior sonho era conhecer a Filarmônica de Cruzeta. Foi assim que cheguei ao jornal. O maestro Bembém disse que mandaria um carro vir me buscar”, relatou Carlos Gomes, ainda contagiado pela alegria do encontro. “Não fizemos a recepção que Carlos Gomes merecia, mas demos todo o calor humano, que é o que de fato importa a um músico. Passamos três dias conversando direto. Falamos sobre planos, sobre o projeto de criar uma escola de música na região do Seridó, alunos e etc.” Lembrou Bembém, que não escondia a admiração e a satisfação de ter conhecido o trompista Carlos Gomes.
O musicista Carlos Gomes teve a ideia de doar todo o seu acervo assim que conheceu de perto a Filarmônica de Cruzeta e o projeto Bandas Filarmônicas da Juventude Solidária, que atende cerca de 4.200 jovens em todo o Estado. “Vim para Natal passear, já que havia me aposentado. Minha filha mora aqui. Apesar da experiência que tenho com a música, não vi a possibilidade de contribuir, preferi ficar na posição de espectador”, declarou Carlos Gomes que veio a este jornal divulgar a doação, por sugestão do mastro de Cruzeta. “Eu já estava com a intenção de doar o acervo. Pensei em algumas escolas de música, mas achei que teria um maior aproveitamento em Cruzeta”, explicou Carlos Gomes. “Meu acervo compõe tudo o que um trompista precisa para a sua formação”, completa o musicista. “Um material que qualquer universidade de musica tem que ter”, comclui o Maestro Bembém.
A Filarmônica 24 de Outubro, nome dado em homenagem a fundação da cidade de Cruzeta, foi apresentada ao público em 1986. O projeto da Filarmônica volta-se para formação de crianças e jovens, utilizando a música como veiculo de inclusão e agente de transformação pessoal e social, dando a eles a oportunidade de exercerem diferentes papéis na sociedade. “Os músicos da escola da Filarmônica de Cruzeta recebem a oportunidade de trilhar caminhos diferentes dos reservados aos jovens da região do Seridó. Temos no mundo inteiro alunos que passaram pela escola da Filarmônica”, declara Bembém. Uma qualidade que é atestada por Carlos Gomes. “A empolgação dos músicos é uma característica muito interessante da Filarmônica de Cruzeta. A concentração e a desenvoltura daqueles jovens são equivalentes as dos músicos da Europa. A gente nota que o musico brasileiro é muito acanhado. Os de Cruzeta são bem diferentes”, afirmou Gomes.


A um passo da escola de música do Seridó
A doação do acervo será o início da concretização de dois sonhos: a do trompista Carlos Gomes, de continuar colaborando para a construção de uma música brasileira de qualidade e a do visionário, porém pragmático, maestro Bembém, que deseja construir uma escola de música para atender aos jovens da região do Seridó. “Todos sabem que sonho em ampliar o projeto da Filarmônica e criar uma escola de música, com critérios acadêmicos, que abranja toda a região do Seridó”, contou Bembém, que também falou da importância da presença do musicista Carlos Gomes. “Queremos travar parcerias importantes. Isso facilita o crescimento. Além disso, um homem com uma vivência musical como a de Gomes, reconhecer um projeto do sertão do Rio Grande de Norte é significativo demais”, finalizou o maestro Bembém.

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