sábado, 17 de abril de 2010

PERSEGUIÇÕES


Neste período de comemorações dos 100 anos de nascimento do médium espírita Francisco Cândido Xavier, é natural que uma onda de reportagens tome conta dos vários veículos de comunicação do País. É de se esperar que no meio delas haja alguém tentando distorcer fatos reais, de acordo, talvez, com as próprias convicções pessoais, como foi o caso de uma revista de circulação nacional. Também sabemos das perseguições que o Espiritismo sofre ainda nos dias atuais, certamente por desconhecimento. Fomos informados que determinado templo religioso da cidade dedicou parte do seu culto para convencer os seguidores de que Chico Xavier é o enviado do diabo. Respeitamos a opinião, mas não podemos deixar de tecer nossos comentários.
Perseguições ao Espiritismo vem desde o seu surgimento em 1857. Aos perseguidores, Allan Kardec, o Codificador, divulgou uma curta, porém firme resposta. Dizia ele que o exame e a crítica é um direito que não pode deixar de existir, ao qual o Espiritismo não tem pretensões de ficar isento, nem de satisfazer a todo mundo. Cada um está livre para aprová-lo ou rejeitá-lo. Mas que se faça isso com conhecimento de causa. O que a crítica tem feito muito frequentemente é mostrar sua ignorância aos princípios mais elementares, atribuindo-lhe o que não lhe pertence, confundindo-o com imitações grosseiras, com charlatanismo e outros equívocos mais.
Antes de se atribuir à Doutrina Espírita atos irrepreensíveis, o racional é que a examinem com visão ampla e sem preconceitos. Para conhecer as responsabilidades do Espiritismo, é necessário antes de tudo boa-fé. Buscar, não entre os adversários, e sim, na própria fonte, visto que é muito fácil, tudo é público, nada é secreto. O físico inglês Cromwel Varlei certa feita afirmou: " O ridículo que os espíritas sofrem somente parte daqueles que não se deram ao trabalho de estudar o Espiritismo. Não conheço um só exemplo de alguém que o havendo estudado com isenção de ânimo, não se lhe haja rendido à evidência".
O Espiritismo não é nenhuma criação pessoal de Allan Kardec nem um sistema pré-concebido. É o resultado de milhares de observações feitas em todos os pontos da Terra e que convergiram para o Codificador, que as organizou. "O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem consequências religiosas, como toda doutrina espiritualista; por isso mesmo toca forçosamente às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura". Tem por objeto o estudo do elemento espiritual em suas relações com o elemento material, e encontra, na união desses dois princípios, a razão de uma multidão de fatos até então inexplicados.

Francinaldo Rafael

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Meus caros internautas!

Peço desculpas pela falta de postagens em nosso blog.
Acontece que, como muitos já sabem, estou em uma nova empreitada, pois estou fazendo faculdade de Agronomia na UFERSA em Mossoró, e esta atividade tem tomado muito tempo meu. Mas tentarei postar algumas matérias sempre que puder.

Desejo muita paz a todos e todas!

Vejam, nas matérias que se seguem, o que o poder pode ocasionar, quando está sob a égide de pessoas inescrupulosas!

O movimento da com-terra. Com terra dos outros.

Juarez Reis virou sem-terra: o lugar onde nasceu agora é de Kátia Abreu.
O Tijolaco recebeu, no post anterior, com muito orgulho, um comentário do jornalista Leandro Fortes, da Carta Capital. Ele nos indica, e eu repasso, como leitura sobre a demo-ruralista Kátia Abreu, a leitura de uma matéria por ele publicada em novembro de 2009 na revista , sobre a origem de parte das terras da senadora.É imperdível.
Ia chamar de aperitivo o resumo que ia fazer, mas a palavra não cabe, porque os fatos são de embrulhar o estômago. Seleciono alguns trechos, então:
“Foram ações do poder público que lhe garantiram (à senadora)  praticamente de graça extensas e férteis terras do Cerrado de Tocantins. E mais: Kátia Abreu, beneficiária de um esquema investigado pelo Ministério Público Federal, conseguiu transformar terras antes produtivas em áreas onde nada se planta ou se cria.”
“Em 2003, (Juarez Vieira) Reis foi expulso das terras onde havia nascido em 1948. Foi despejado por conta de uma reforma agrária invertida, cuja beneficiária final foi, exatamente, a senadora. Classificada de “grilagem pública” pelo Ministério Público Federal de Tocantins, a tomada das terras de Reis ocorreu numa tarde de abril daquele ano, debaixo da mira das armas de quinze policiais militares (…) “Kátia Abreu tem um coração de serpente”, resmunga, voz embargada, o agricultor, ao relembrar o próprio desterro.
Leandro conta, então, que um decreto do então governador de Tocantins Siqueira Campos (PSDB),  tucano que governou por três mandatos, declarou de “utilidade pública”, por suposta improdutividade, uma área de 105 mil hectares , incluindo as terras onde Juarez vivia e plantava.
“A desapropriação das terras foi tão apressada que o juiz responsável pela decisão, Edimar de Paula, chegou à região em um avião fretado apenas para decretar o processo. O magistrado acolheu um valor de indenização irrisório (10 reais por hectare), a ser pago somente a 27 produtores da região”.
As terras foram repassadas a vários fazendeiros da região, por R$ 8 por hectare.
“(…) a parlamentar ficou com um lote de 1,2 mil hectares. O irmão dela, Luiz Alfredo Abreu, abocanhou uma área do mesmo tamanho.
No meio das terras presenteadas por Siqueira Campos a Kátia Abreu estava justamente o torrão de Reis, a fazenda Coqueiro. Mas, ao contrário dos demais posseiros empurrados para as reservas do Cerrado, o agricultor não se deu por vencido. (…)o pequeno agricultor tentou barrar a desapropriação na Justiça. A hoje senadora partiu para a ofensiva.”
Kátia Abreu, segundo a narrativa de Leandro Fortes, entrou com uma ação de reintegração de posse de toda a área, “inclusive dos 545 hectares onde Reis vivia havia cinco décadas”. Arrolou testemunhas que viviam a 800 km dali.
“Incrivelmente, a Justiça de Tocantins acatou os termos da ação e determinou a expulsão da família de Reis da fazenda Coqueiro e dos 62 hectares recém-comprados. Ignorou, assim, que a maior parte das terras era utilizada há 50 anos – ou, no mínimo, há mais de dois anos, como ajuizava o documento referente ao processo de usucapião. Reis foi expulso sem direito a indenização por qualquer das benfeitorias construídas ao longo das cinco décadas de ocupação da terra, aí incluídos a casa onde vivia a família, cisternas, plantações (mandioca, arroz e milho), árvores frutíferas, pastagens, galinhas, jumentos e porcos.”
Juarez vive com outras 19 pessoas na chácara de um filho, numa casa de sapê com dois cômodos.  Sua terra, ou a terra que foi sua e agora é de Kátia Abreu, não produz nada, é puro capinzal.

 

O que Katião nem a TV irão mostrar

Desde o massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, quando 19 sem-terra foram assassinados, 440 pessoas morreram em conflitos no campo

Ontem falei aqui da campanha de comerciais de televisão contra o Movimento dos Sem-Terra que a  senadora demo-ruralista Kátia Abreu vai pagar para ir ao ar.  Certamente, ela não vai tratar do relatório divulgado nesta quinta-feira pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), que aponta o aumento da violência no campo.
Quando os sem-terra chegam ao limite da paciência na luta por uma área destinada à reforma agrária e destroem alguns pés de laranja, o mundo vem abaixo. A notícia é destaque em todos os noticiários e criminaliza o mais atuante movimento social do país.
Mas quando se revela que a violência no meio rural brasileiro cresceu, inclusive com aumento de pessoas torturadas, e que o número de famílias despejadas subiu 36,5% em 2009, a mídia não se escandaliza e nem joga os mesmos holofotes.
A remoção tão em voga  agora no Rio de Janeiro após a tragédia das chuvas é prática corrente no campo brasileiro. O relatório da CPT, órgão da Igreja católica que a senadora e fazendeira Kátia Abreu deve considerar um reduto de comunistas, mostra que 1.884 famílias foram expulsas de suas terras, e que as famílias despejadas de acampamentos passaram de 9.077 para 12.388.
Segundo a CPT, também aumentou o número de casas e roças destruídas e 9.031 famílias foram ameaçadas pela ação de pistoleiros. Os números falam por si e revelam o faroeste que é o meio rural brasileiro. As principais vítimas da violência são os sem-terra, pequenos agricultores e quilombolas.
Gente simples e humilde que não merece a mesma consideração que os pés de laranja do agronegócio.

Katião, Miss Desmatamento, está de olho na eleição

Kátia Abreu e Ronaldo Caiado, dois "pacifistas" do campo brasileiro
Ontem eu li que a Confederação Nacional da Agricultura, presidida pela demo-ruralista senadora Kátia Abreu, vai pagar uma campanha de comerciais na televisão contra o Movimento dos Sem-Terra. A CNA, como se sabe, arrecada compulsoriamente o imposto sindical de todo produtor rural, filiado ou não a ela. Existem, inclusive, acusações de que ela serviu-se dos recursos da CNA em sua campanha.
Mas isso não bastou para a possível vice de Serra. Se já é duro de engolir que se possa fazer uma campanha unilateral como esta – ainda mais porque, gratuitamente, a mídia demoniza os sem-terra, apresentados como se fossem todos um bando de arruaceiros -  a D. Kátia pediu o uso das tropas federais contra os sem-terra.
Ela diz que, se o Governo não colocar as tropas da Força Nacional de Segurança, podem haver incidentes porque o grande proprietário, “ele se protege sozinho, e então acaba fazendo bobagem”. Que humanismo o da “Miss Desmatamento”, como a chama o pessoal do Greenpeace…
A jogada política é evidente.  Como sabe que o Governo não vai jogar a tropa contra lavradores, ambos – Governo e lavrador – passam a ser automaticamente culpados por qualquer confronto em que um jagunço – porque o proprietário dos latifúndios quase nunca nem mora lá – atire num sem-terra.
Se o Governo não aceitar a provocação de “Katião”, será apontado como omisso.
Eu espero que o meu conterrâneo João Pedro Stédile perceba essa provocação. E use sua liderança para evitar atos que, entendo, o desespero de uma luta de anos, de massacres, de violência, de privações e até de assassinatos impunes de trabalhadores rurais, podem levar.
Ele próprio sabe que estas eleições são decisivas para os trabalhadores rurais, tanto que declarou à Folha:
-”É claro que nós percebemos que a candidatura Serra seria a retomada do neoliberalismo no Brasil, seria a retomada das privatizações, seria a retomada do que foi o governo Fernando Henrique. Então, um governo Serra, para nós, seria o pior dos mundos”
Vamos deixar a provocação de Kátia Abreu cair no vazio. O sem-terra entenderá que se quer atraí-lo a uma cilada.Isso não quer dizer abolir a manifestação política. Ao contrário, significa fazer dela o principal instrumento de luta.
A solução para o problema da terra, gravíssimo no Brasil, não virá nem da ocupação, nem da repressão. Virá do confronto político.Este é o ponto fundamental.
A manipulação da opinião pública nesta questão é bem revelada no texto do acadêmico  Jeansley Lima, da UNB.  Recomendo sua leitura, para quem quiser entender mais como se manipula a opinião pública contra estes brasileiros que este país continental lhes nega.

Comissão especial do piso salarial dos Agentes de Saúde é criada

O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temmer, acatou o pedido da deputada Fátima Bezerra (PT-RN) e anunciou hoje, 14, a Comissão Especial que vai analisar o projeto de lei (PL 7495/06) que regulamentará o Piso Salarial Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e de Combate às Endemias (ACE), proposta aprovada na emenda à Constituição EC 63.
Com a criação da Comissão Especial, os projetos apensados ao PL 7495/06 deverão ser analisados no máximo em 10 sessões, contadas após a instalação da Comissão. Os líderes partidários já estão indicando os 18 deputados que vão compor o colegiado.
Na próxima sexta-feira, 16, a deputada Fátima participa da abertura do 4º Congresso Nacional da Conacs (Confederação Nacional dos Agentes Comunitários de Saúde e de Combate às Endemias), em Caldas Novas, no Goiás, como convidada de honra da Confederação pelo trabalho que tem realizado para regulamentar o piso salarial nacional dos ACS e ACE.