sexta-feira, 16 de abril de 2010

Katião, Miss Desmatamento, está de olho na eleição

Kátia Abreu e Ronaldo Caiado, dois "pacifistas" do campo brasileiro
Ontem eu li que a Confederação Nacional da Agricultura, presidida pela demo-ruralista senadora Kátia Abreu, vai pagar uma campanha de comerciais na televisão contra o Movimento dos Sem-Terra. A CNA, como se sabe, arrecada compulsoriamente o imposto sindical de todo produtor rural, filiado ou não a ela. Existem, inclusive, acusações de que ela serviu-se dos recursos da CNA em sua campanha.
Mas isso não bastou para a possível vice de Serra. Se já é duro de engolir que se possa fazer uma campanha unilateral como esta – ainda mais porque, gratuitamente, a mídia demoniza os sem-terra, apresentados como se fossem todos um bando de arruaceiros -  a D. Kátia pediu o uso das tropas federais contra os sem-terra.
Ela diz que, se o Governo não colocar as tropas da Força Nacional de Segurança, podem haver incidentes porque o grande proprietário, “ele se protege sozinho, e então acaba fazendo bobagem”. Que humanismo o da “Miss Desmatamento”, como a chama o pessoal do Greenpeace…
A jogada política é evidente.  Como sabe que o Governo não vai jogar a tropa contra lavradores, ambos – Governo e lavrador – passam a ser automaticamente culpados por qualquer confronto em que um jagunço – porque o proprietário dos latifúndios quase nunca nem mora lá – atire num sem-terra.
Se o Governo não aceitar a provocação de “Katião”, será apontado como omisso.
Eu espero que o meu conterrâneo João Pedro Stédile perceba essa provocação. E use sua liderança para evitar atos que, entendo, o desespero de uma luta de anos, de massacres, de violência, de privações e até de assassinatos impunes de trabalhadores rurais, podem levar.
Ele próprio sabe que estas eleições são decisivas para os trabalhadores rurais, tanto que declarou à Folha:
-”É claro que nós percebemos que a candidatura Serra seria a retomada do neoliberalismo no Brasil, seria a retomada das privatizações, seria a retomada do que foi o governo Fernando Henrique. Então, um governo Serra, para nós, seria o pior dos mundos”
Vamos deixar a provocação de Kátia Abreu cair no vazio. O sem-terra entenderá que se quer atraí-lo a uma cilada.Isso não quer dizer abolir a manifestação política. Ao contrário, significa fazer dela o principal instrumento de luta.
A solução para o problema da terra, gravíssimo no Brasil, não virá nem da ocupação, nem da repressão. Virá do confronto político.Este é o ponto fundamental.
A manipulação da opinião pública nesta questão é bem revelada no texto do acadêmico  Jeansley Lima, da UNB.  Recomendo sua leitura, para quem quiser entender mais como se manipula a opinião pública contra estes brasileiros que este país continental lhes nega.

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