domingo, 11 de novembro de 2007

Enrtrevista Nelson Gregório


O dirigente do Partido dos Trabalhadores em Mossoró, Nelson Gregório, é o entrevistado de hoje da seção.
ENTREVISTA CONCEDIDA AOS JORNALISTAS LUIS JUETÊ E GILBERTO DE SOUSAConfira domingo na FM 95, às 18h. E às 18h, a entrevista na íntegra na TCM, canal 10.


GAZETA DO OESTE - Em relação às eleições internas, qual a expectativa nacional, estadual e municipal?Nelson Gregório - Tenho 27 anos no PT, um dos mais antigos filiados do PT e um dos primeiros em Mossoró, a idade que o partido tem é a idade da minha filiação. Sou membro da executiva estadual e membro do diretório minicipal e fui vice-presidente do PT aqui no Rio Grande do Norte. Eu digo muito que sou apaixonado pelo partido e a paixão nacional passa a partir de suas tendências internas. Nos outros partidos nós encontramos figuras e no PT encontramos correntes, ou seja, se falarmos determinado nome dizemos se ele é da corrente A ou da corrente B. Por exemplo, falamos em Mineiro como deputado, mas dizemos que ele é da articulação; se falar de Hugo, ele pertence à Democracia Socialista; se falarmos de Fátima Bezerra, falamos do movimento de esquerda. Nós nos dirigimos uns aos outros como movimento interno no partido. Você não encontra na América latina nenhum partido que tenha um comportamento que nós temos, por exemplo: no auge da nossa crise, fizemos uma eleição interna e ninguém acreditava que alguém se dispusesse a votar ou alguém se dispusesse a defender o PT, mas foi uma eleição com mais de um milhão de votantes. Agora, estamos fazendo uma outra eleição interna, nacional, estadual e municipal. Para mim, o apaerfeiçoamento da democracia se dá nesse partido. Não tem um porquê para sair do PT para sair para outro, tendo convicção de que os outros não serão o que o PT hoje é. É essa democracia interna que nos dar direito a fazer as políticas do País. O PT tem essas características, da defesa social, da defesa do menor, da indicação de que um dia a gente possa ser um país de melhor qualidade. Tenho convicção de que estamos no caminho correto. Só é assim porque internamente nós estamos constantemente numa disputa.


GO - Existem quantas chapas estaduais?NG - São três chapas. Temos Geraldão, que está concorrendo novamente; Júnior Souto, ligado ao Movimento PT; e Glauco, ligado ao Brasil Socialista (BS).


GO - Quer dizer que estão na disputa as três tendências?NG - Tem mais tendências. Porque algumas se juntaram a outras. Nós somos aliados à Tendência Marxista (TM), lidada a Gilberto, do Sindicato dos Servidores Municipais. No Estado são essas três tendências disputando, mas internamente há outras dando apoio.


GO - A Tendência Marxista em Mossoró está defendendo qual candidato?NG - Fizemos uma aliança com a Tendência Marxista. Não vou discutir muito se alguém do PT é de direita ou se alguém no PT é de esquerda, eu acho que o PT tem que ser de esquerda como um todo. Você pode até dizer assim: "Mas, o PT não mudou?" Mudou, como toda a sua trajetória, como todo o Brasil, como todo ser humano muda. O PT jamais é o mesmo PT de 27 anos atrás, não teria como ser, e após Lula ter chegado à presidência da República aí é que não teria mesmo. Eu digo que em cada Estado e em cada cidade o PT tem uma característica diferente. Aqui em Mossoró, a fundação do PT se deu muito mais em função da igreja. Em Natal já não foi, lá o PT foi fundado com a sua maioria por estudantes universitários. Lá em São Paulo foram os trabalhadores. O PT se constituiu com formação e pessoas diferentes. Temos um só propósito, mas com características diferentes. Quem não acreditava que a gente ia chegar à presidência nacional, chegamos em pouco tempo. Para nós, seria ruim se a gente tivesse chegado em 1989, pela experiência, pelo clima que o País vivia e pela falta que o PT tava tendo. Acho que teríamos sofrido mais do que o que sofremos agora, porque eu acho que tudo que aconteceu nessa crise teve a ver com o PT e algumas coisas, mas a grande maioria do que existe hoje, a nível nacional, naquele período foi muito mais provocante, para ver até onde a gente ia. Lembro que vi Collor dando uma entrevista, e o repórter perguntou: "Collor, por que você caiu"? E ele foi categórico: "Eu caí porque não tinha partido". No caso de Lula, eu diria o seguinte: Ele jamais caiu e jamais cairá, porque os movimentos sociais e o partido dele são muito sólidos, muito fortes, e não tem motivo.


GO - O Sr. não acha que Lula superou o PT?NG - Não. Quem fizer uma avaliação de que Lula será o mesmo fora do PT está redondamente equivocado. Quem saiu do PT dificilmente sobreviveu na política. Vou dar dois exemplos muito claros dos deputados do PT Airton Soares e Bete Mendes, a atriz. Eles saíram da política. É ilusório imaginar que Lula superou o partido. Nas últimas pesquisas que foram feitas nos partidos, o PT tem 28% de aprovação, o mais próximo ao PT é o PMDB, com 16%. Mesmo na grande crise vivida, feita a pesquisa posterior a isso, o PT aparece como preferência nacional. Houve um boato a nível nacional de que Lula estava se preparando para sair do PT e ir para o PMDB, e também a imprensa nacional jogava isso. Eu vou ser categórico aqui: Lula jamais sairá do PT. Não tem fundamento. Lula é um dos fundadores. Mensalão eu não acredito que houve, acredito que houve dívida de campanha. Digo aqui e repito que o PT fez o empréstimo. Se Valério foi o camarada que fez a ponte, mas foi empréstimo, se podia ou não podia, quem vai dizer agora é o tribunal. Pegue a nível nacional quem denunciou. Só Roberto Jeferson, mais nenhum outro parlamentar, até porque não tem uma matéria, a nível nacional, de outro parlamentar que estava nessa base aliada fazendo denúncias. Assim como fez com Collor e com o PT, Roberto Jeferson queria se vingar, porque não deram certo algumas coisas que ele reivindicava. No Congresso, já temos as CPIS, depende de quem apura, mas há uma forma de punir. Para mim, a maior punição é quando a pessoa é publicamente denunciada. Se alguém do PT que cometeu isso, merece cadeia. Estava discutindo com o pessoal do governo sobre a caso do INSS, sobre a Polícia Federal ter pego muita gente, e perguntaram o que Lula achava disso, falei que ele não se importou com o irmão dele, imagine com alguém daqui. Temos que ter essas instituições sólidas para fazer esse comportamento de apuração, independente de quem seja.


GO - E esses rumores de um terceiro mandato do presidente Lula, o Sr. pode caracterizar até mesmo como um golpe?NG - Não. Acho que a democracia não é assim. Nos Estados Unidos, você tem quantos mandatos quiser, pode se eleger em quantos mandatos você quiser e nem dizem que é golpe, nem que Bush está fazendo golpe. Bush modificou a Constituição agora para que ele pudesse se eleger as vezes que quiser. Pelo que conheço de Lula, ele jamais aceitará o terceiro mandato. Agora, o PT, pela sua formação e pelo seu tamanho, terá candidato a presidente nacional. O PT hoje tem grandes nomes, como Dilma Hosset, Fernando Pimentel - prefeito de Belo Horizonte - MG e Tasso Genro. O PT tem nomes com potencial de ganhar a eleição. O governo está bem avaliado e vai terminar bem avaliado.


GO - Em outras eleições, o nome sempre despontava em cima de Lula. A dificuldade não seria exatamente ter vários candidatos e não somente um?NG - Não. Acho que a democracia do PT é importante por causa disso. Nós temos vários nomes. Como o PT se comporta? Com eleição interna. Eu digo que nessa eleição vai ter disputa para Prefeitura. Nunca deixou de ter disputa interna. O PT é fantástico e é um partido democrático porque internamente ele funciona assim. Aqui, nós temos cerca de 200 filiados e três chapas. O PT ganha com isso e só se fortalece, porque há três grupos discutindo para que o partido esteja mais forte e quando terminar a eleição, cada chapar terá sua fatia do bolo. Como tem proporcionalidade interna no PT, quem perdeu vai estar incluído nessa direção. E vamos tocar o partido, como tem sido a nível nacional. São 27 anos assim e, a cada dia que passa, me apaixono mais. Sou apaixonado pelo PT, sou um petista de carteirinha. Eu tenho umas camisas que eu reservei, uma camisa branca com a estrela do PT, e todo sábado eu saio com ela, porque eu acho que nós temos que acreditar no partido. Não acredito que quem chegou no poder como Lula chegou, o dirigente que passou o que passou, pegue o País e jogue na desgraça. Acredito que o PT vai sair muito bem tendo Lula como presidente nacional, isso é provado. Me mostre um trabalhador que tenha passado o que ele passou na primeira crise e agora nessa crise de gás. Lula é um dos maiores dirigentes que esse País já teve, é trabalhador, conhece ali boi e vaca, sabe o que está fazendo e onde pisar. Nós temos agora a discussão em volta da CPMF e todo mundo sabe que o PT foi contra, mas não é mais, pois hoje sabe que é necessária. O País tem imposto para manter a nação. Agora, tem alguns equívocos que o PT cometeu, mas por ser equívoco isso não torna uma questão definitiva, porque se fosse assim na política, porque se for assim a gente aqui não conversaria nem com os Rosado. Nós nascemos e nos criamos batendo nos Rosado, dizendo que era a peste de Mossoró, e agora nos sentamos para conversar. Acho que a sociedade merece essa conversa e também acho que o PT de Mossoró, diferente de alguns Estados maiores, precisa de um presidente como interlocutor nessa cidade. Eu defendo a candidatura de Tércio, acho que é um nome que vai fazer isso em Mossoró, espero que faça. Interlocução é conversar com todo mundo e isso não quer dizer que tenha aliança. Sou favorável à conversa e toda conversa tem limite. Aqui todo mundo conhece todo mundo, então não precisa achar que um está enganando o outro. Acho que o PT de Mossoró precisa fazer exercício nessa eleição e tirar um presidente que possa fazer essa interlocução. Nós estamos bem avaliados nacionalmente e temos que ter um presidente aqui em Mossoró que faça essa interlocução, e acho que o nome do companheiro Tércio representa isso nesse momento.


GO - Na sucessão 2008, como será o comportamento do PT? Há uma tendência de aliança natural com o PSB?NG - Não. Uma vez fiz um pronunciamento, nessa vinda da governadora a Câmara Minicipal de Mossoró, e eu disse a ela que eu acho que, dentro desse projeto de investimento na cidade e pelo que conheço até agora, ela foi quem mais investiu aqui, e essa cidade merece. O Governo Federal vai investir agora com os projetos. Lá em Natal, todo mundo vai ter candidato e quem puder, no segundo turno, se junta e conversa. Mossoró não tem segundo turno com a intensidade que tem em Macau e Pau dos Ferros, mas aqui nós temos a opção de ter a conversa. Nós tivemos uma conversa com o PS do B, que é nosso aliado desde a primeira eleição de Lula. Agora, conversa de partido só dá certo se for boa para todo mundo, se não for, eu acho que o PT pode marchar sozinho, não tenho dúvidas, pelo perfil do partido. A história do avança mossoró, nós acreditamos até a última hora. Acreditamos tanto que o rompimento ocorreu na própria Câmara. Mas, eu fui uma das pessoas que mais tinham conhecimento na época e dizia a eles que o que o pessoal queria em Mossoró era fazer campanha por dinheiro, pensavam que o PT ia ter muito dinheiro, que imaginou isso se pejudicou, porque o poeta que era candidato a vice nem um carro para andar tinha e Valério não chegou por aqui. Nós fomos os mais prejudicados porque não decidimos nem fizemos a estatégia antes. Não será dessa forma agora. De acordo com o debate de sábado, vamos começar as nossas estratégias.


GO - Quais são os nomes?NG - Jorge Castro é um nome, Luís Carlos também, ele já foi candidato e pode ser novamente, Valmir. Enfim, são nomes que na cidade têm potencial. Se a esquerda e os partidos menores tiverem juízo, a gente faria uma grande campanha, e o PT vai fazer essa convocação. Conversamos com o PC do B e vamos conversar com o PSB. A nível nacional nós temos dois partidos que estáo descartados, o Dem e o PSDB. Há uma fatia de bons de deputados que não concorda com o jeito que está e é essa fatia que temos que trabalhar, se conseguimos trabalhar, vamos fazer uma boa campanha.


GO - O PSB estaria dentro dessa fatia?NG - Vai estar. PSB aqui hoje é representado por Sandra, Larissa e Laíre. Eu acho que podemos conversar.

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