sábado, 7 de março de 2009


PERDÃO E AUTOPERDÃO


Por estar em constante processo de aprendizado, todo ser humano em algum momento da vida certamente já fez ou fará algo do qual se arrependerá. Como a consciência é um juiz implacável, é comum ficar-se remoendo o fato. Desencadeia-se o sentimento de culpa. Conforme a psicóloga clínica Rosimeire Zago, acompanha também, mesmo que inconsciente, a necessidade de autoperdãopunição como sinal de alerta pela falta de limite, ou a indicação de que algo precisa ser mudado no padrão de comportamento. Dentre as características de quem sente culpa, está o sentir-se mal quando querem lhe oferecer algo, não se achando digno de merecê-lo. Ela recomenda que o indívíduo mude o que pode ser mudado e liberte-se desse sentimento.
O Espírito Joanna de Ângelis, através da psicografia do médium espírita Divaldo Franco, traz especial terapêutica. Alerta que ninguém pode se considerar perfeito no processo de evolução. Mesmo aquele que segue retamente o caminho do bem está sujeito a alternância de conduta, tendo em vista os desafios que se apresentam e o estado emocional do momento.
Incentiva a prática da terapia moral do autoperdão, indispensável para a recuperação do equilíbrio emocional e o respeito por si mesmo. Afirma que torna-se essencial uma reavaliação da ocorrência, num exame sincero e honesto em torno do acontecimento, diluindo-o racionalmente e predispondo-se a dar-se uma nova oportunidade, de forma que supere a culpa e mantenha-se em estado de paz interior. Todos podem errar, e isso acontece frequentemente, tendo o dever de perdoar-se, não permanecendo no equívoco, ao tempo em que se esforcem para reparar o mal que fizeram, buscando não reincidir no mesmo compromisso negativo, desamarrando-se dos cipós constringentes do remorso. Seja qual for a gravidade do ato, é possível repará-lo quando se está disposto a fazê-lo, recobrando o bom humor e a alegria de viver.
Em face do autoperdão, da necessidade de paz interior inadiável, surge o desafio do perdão ao próximo, diante das adversidades. O célebre cientista norte-americano Booker T. Washington, que sofreu perseguições inomináveis pelo fato de ser negro, e que muito ofereceu à cultura e à agricultura do seu país, afirmou com nobreza: "Não permita que alguém o rebaixe tanto a ponto de você vir a odiá-lo". Um alerta para que ninguém deva aceitar a antipatia, o desdém, a raiva de outrem, a ponto de sintonizar com a mesma faixa desagradável. Alguém só nos tira o equilíbrio se abrirmos espaço para isso. Sem dúvida, existem os invejosos, os que não podem ver os outros felizes que procuram criar todo tipo de embaraço. Diante disso, recomenda Joanna de Ângelis, "deixa que a compaixão tome os teus sentimentos e envolve-os na lã da misericórdia, quanto gostarias que assim fizessem contigo (...). Perceberás que um sentimento de compreensão, embora não de conivência com o seu erro, tomará conta de ti, impulsionando-te a seguir adiante, sem que te perturbes. Perdoa-te, portanto, perdoando, também, ao teu próximo, seja qual for o crime que haja cometido contra ti".

Nenhum comentário:

Postar um comentário