quarta-feira, 13 de janeiro de 2010



A GÊNESE KARDEQUIANA

A palavra gênese empregada como substantivo feminino está diretamente relacionada com a formação dos seres, desde uma origem. No masculino, significa o primeiro livro do Pentateuco, onde é apresentada a criação do mundo rica em simbologias, muitas vezes equivocadamente interpretadas. Em janeiro de 1868, com base na ciência existente no século 19, ainda embrionária, Allan Kardec, o Codificador da Doutrina Espírita, lançou a obra "A Gênese - Os Milagres e as Predições Segundo o Espiritismo". Trata-se de um livro absolutamente lógico.
Explica Kardec na introdução que dois elementos ou duas forças administram o Universo: o elemento espiritual e o material. Da ação simultânea desses dois princípios nascem fenômenos especiais que se tornam naturalmente inexplicáveis, desde que se isole um deles, do mesmo modo que a formação da água seria inexplicável, se fosse retirado um dos seus elementos constituintes: o oxigênio e o hidrogênio. Demonstrando a existência do mundo espiritual e suas relações com o mundo material, o Espiritismo fornece a chave para a explicação de uma imensidade de fenômenos incompreendidos e considerados, em virtude mesmo dessa circunstância, inadmissível, por parte de uma certa classe de pensadores. Há nas Escrituras esses fatos e, por desconhecerem a lei que os rege, é que os observadores, nos dois campos opostos, girando sempre dentro do mesmo círculo de ideias. Uns, utilizando os dados positivos da ciência, outros, desprezando o princípio espiritual, não conseguiram chegar a uma solução racional. Essa solução se encontra na ação recíproca do Espírito e da matéria. É exato que ela tira à maioria de tais fatos o caráter de sobrenaturais. Tal a razão por que o Espiritismo conduz tantas pessoas à crença em verdades que elas antes consideravam meras utopias.
Logo no seu primeiro capítulo, a obra prende a atenção do leitor, pois tratando das características da revelação espírita, faz uma série de questionamentos profundos. Em sequência, fala sobre Deus, o bem e o mal, papel da ciência na gênese, astronomia, geologia, gênese orgânica, entre outros, preparando terreno para aprofundar na gênese espiritual. Tudo num perfeito encadeamento. Após o estudo da gênese espiritual, adentra-se pela teoria dos fluidos, necessário para que se compreenda cientificamente o passe. Na sequência, explica os milagres racionalmente. Termina apresentando a nova geração e a transição do planeta iniciada no século 19, cujo período será mais ou menos longo, dependendo do livre-arbítrio dos seus habitantes.
De caráter científico, "A Gênese" nos leva a refletir sobre a necessidade de renovação moral, pois só o progresso moral pode assegurar a felicidade dos homens sobre a Terra, pondo um freio às más paixões. Só ele pode fazer reinar, entre todos, a concórdia, a paz, a fraternidade. A inteligência sem senso moral acaba deixando muito a desejar.
Traz ainda uma significativa informação: por sua natureza, a revelação espírita tem duplo caráter: participa ao mesmo tempo da revelação divina e da revelação científica. Participa da primeira, porque foi providencial o seu aparecimento e não o resultado da iniciativa, nem de um desígnio premeditado do homem; porque os pontos fundamentais da doutrina provêm do ensino que deram os Espíritos encarregados por Deus de esclarecer os homens acerca de coisas que eles ignoravam, que não podiam aprender por si mesmos e que lhes importa conhecer, hoje que estão aptos a compreendê-las. Participa da segunda, por não ser esse ensino privilégio de indivíduo algum, mas ministrado a todos do mesmo modo; por não serem os que o transmitem e os que o recebem seres passivos, dispensados do trabalho da observação e da pesquisa, por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações. Numa palavra, o que caracteriza a revelação espírita é divina a sua origem e da iniciativa dos Espíritos, sendo a sua elaboração fruto do trabalho do homem.

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